domingo, setembro 26, 2010

Até já


De volta à esfera redonda, sento-me no chão
Nunca me dei bem com cadeiras.
São construções de vaidade e ostentação, perturbadores da realidade
Aqui no chão, posso estender-me sem a preocupação de cair
Aqui no chão, olho o céu e água
Aqui no chão, contrario a hereditária ceifeira
Aqui no chão, mastigo cereais sem leite
Aqui no chão, as expectativas são baixas mas a esperança é realmente verde
Aqui no chão, as pedras falam e as formigas folgam
Aqui no chão, a única agressão é provocada pela espera de um eclipse
Aqui no chão, as ideias não têm seguimento e os pensamentos confundem-se com nuvens
Daqui do chão, consigo ver-te e tocar o teu reflexo
Daqui do chão, a tua bandolete é amarela
Daqui do chão, ouço o teu sorriso
Daqui do chão, digo-te até já
É aqui no chão que vou esperar.
Daqui do chão, vou morrendo vivendo

Obrigado, são só devaneios
Não sei escrever, mas já sinto como gente grande


Tiago Espírito Santo


Debaixo do Bulcão poezine
Número 38 - Almada, Setembro 2010

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