segunda-feira, dezembro 08, 2008

zero um um zero um um


01


álea de cimento.vegetação coerente

os olhos estão fixos na ravina
minha precária materialidade.
espelho turvo. a face exposta a todos os perigos

altercamos com a palavra dos vermes,
súbito silêncio.

10

dez vezes te resgatei a pele e no entanto
nenhuma destas pedras chega para
compensar o vício da ficção científica que absorves
às cinco e meia da tarde para fugir à tentação
da verdadeira molécula do cio.

11

desculpa-me pequena ave de rapina
a cidade é difícil para verter literatura
enquanto
álea de cimento. vegetação coerente com

o teclado em que aprendeste a simular a guerra.


António Vitorino

Debaixo do Bulcão poezine
Número 1 - Almada, Dezembro 1996

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