quinta-feira, novembro 27, 2008


a formiguinha que seguia a linha branca de coca em cima do tampo da retrete do quarto de banho da discoteca banhadas não tinha a mínima percepção do longo tubo de alumínio que joão louro manuseava com uma perícia de viciado; ambidestrado, em coca mestrado. joão louro também não fazia a mínima ideia que a coca que inalava tinha uma formiguinha que passava...

a traça que planava os montes de vila alva esgueirou-se pela janela aberta de um fiat salva foi atraída pela luz de fogo fátuo de um isqueiro em brasa manuseado por joão louro um carocho que na calma derretia a substância de nome heroína que lhe havia de dar uma doce morte que estava na sua sina. a traça sem oferecer resistência foi a pique.

joão louro não fazia a mínima ideia que a chinesa que fumava tinha uma traça que passava...





Debaixo do Bulcão poezine
Número 34 - Almada, Outubro 2008
(foto de Rui Tavares)

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