segunda-feira, março 12, 2007

Poema visível ao contrário

Começo a conhecer-me: não existo
Mas não existo nem existirei
Tenho sonhado quanto sonhou Cristo
E ao olhar-me sou quem não serei

Que me defende neste mundo rasco?
Vivo em conveses densos de ilusão
E ao ver os rombos largos no meu casco
Não caio ao mar nem fujo da prisão

Já me importou a vida e algures tê-la
Neste baralho outro me descarta
Minha intenção não foi a minha estrela
E não haver um raio que me parta!


António José Coutinho



Debaixo do Bulcão 14
Março 2001

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