quinta-feira, janeiro 11, 2007

O sol brilha por entre o bulcão (será outro sinal?)

O bulcão insiste e escurece,
com o tom cinzento escuro
como antecipava o meu
existir.
O céu já não tem há tempo a cor
que me aquece.
O azul ficou para trás.
Mas o jejum que prolongo apenas
me fará
mais forte.
Esta agonia silenciosa que vou
carregando atenta recurvamente, como
a minha mão que acaricia sem sequer
querer tocar, não é totalmente
inútil. Serve para a sentires
nos meus olhos sempre que te julgares
já esquecida.
Não porque te vá esquecer.
Não porque não queira (e não quero)
mas porque cresces em mim
quando acordo ou quando
já acordado olho este
negrume no céu e te
escrevo assim sem sequer pensar se devo.
Se eu fosse um dia o teu amar.
Se o sol aparece agora será sinal por ter
feito esta frase prévia como o arrepio?
Porque será que todos os sinais conspiram
e me provocam e querem-nos aos dois?
Porque será que reparo em coincidências banais?
que nada dizem, nada querem dizer excepto
o grito o aviso de que existe mesmo um
sentido uma ordem de vida de existência. Será?
Esta existência que te entrego
calmamente, com tristeza, silenciosa e atenta,
apaixonada recurva mente, sem pressa mas
com o desejo ardente, fico aqui debaixo do
bulcão onde te possa ao menos observar.
(Para não desfalecer)


Miguel Nuno 97
Debaixo do Bulcão 1,5 - Janeiro 1997

Sem comentários: